Primavera
O homem imóvel
acariciava o cão
O dia findava
(Ao fim do bocejo
peço um outro café
e sigo em frente)
Verão
Calor nas águas
A peixarada agitada
não podia nadar
(Meus pensamentos
se atropelam... Corre, corre
Vomito palavras)
Outono
Sozinha, a cigarra
exibia-se ao mundo
por medo da morte
(Se sou assim vulgar
posso sê-lo, não me julgais
Que procuro tanto...)
Inverno
Pro homem com o cão
de rosto barbado e sujo
só importam as nuvens
(O mundo todo?
Não quero mais. Já não tenho
todo o tempo do mundo)
quarta-feira, 24 de março de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
Latência
O sêmen envolve o corpo do macho
O sêmen envolve o bico do peito
O bico do peito nu da fêmea
O bico da boca no sêmen
O rosto redondo calado
O rosto quieto na paz
Do conforto puro
Do conforto só
Só isso, fim
Só fim
Fim
For
Forma
Dá forma
Dá-me forma
Faz brotar no céu
Faz sair desse ventre
Faz vir na paz desse gozo
O que se cria no além-óbvio
O que urge para vir pelo buraco
Pelo buraco do pênis que jorra vida
Tão vida... que respiro, e planto, e nasce!
Tão leve... que brota!, e tão quase inevitável
Que é como não fosse meu, mas é tanto, tanto eu!
Eu, planta em fotossíntese, crio do inevitável. E respiro
(mais que respiro, vivo. Mais!, sou) o ar que fiz e que me faz
Sê-me ar
Semear
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