Tenho um amigo que só quer ser invisível
Entre tudo que é visto, dito, tocado
Um amigo que ama demais
Que só quer sentir o gosto dos outros
Na sua boca
Seca
de álcool
de tabaco
de desejo
Tenho um amigo que brinca de roda
Segurando pelas mãos
Todas as crianças do mundo
Girando na roda como roda na gira
A paz
Um moleque que brinca nas ruas
Ingênuo
E, ao mesmo tempo, um homem
Lidando com a parte que lhe cabe na herança
(Tão completo que não cabe em si mesmo
E tão incompleto
Que busca no mundo, a todo instante,
O seu espelho)
Tenho um amigo que casou o Sol com a Lua
E nesse beijo prometido e inesperado
Nasceu colorido num mundo em preto e branco
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