As paredes mudas
mudavam a possibilidade da casa
Tudo rijo
como as formigas que silenciassem
nas tocas
a chance da folha, ou da picada
Os rodapés que ansiassem
para além dos fios
pelo canto exposto
ou a rota exposta do rato
Ou os fungos, filamentos milenares
que lembrassem
o suco derramado, o carpete esquecido
a cachorra morta
Entre a lâmpada e o rejunte
a fina lâmina de mariposa
múmia do tempo
da poeira e dos fótons
Na área, a latinha de Coca
implorando escancarada
pela dança das abelhas
nas bordas
Nas teias, na sujeira nos livros
no estofamento de espuma
apenas os planos geométricos
da conspiração dos ácaros
E as folhas da cheflera enorme
em sustento estéril ao ninho
nunca acabado
dos sebinhos bicadores
Arquitetura sóbria
onde o rumor, não mais que indício
(no formigueiro do jardim
no brilho esquivo do rato
na pachorra do bolor ancestral
nos fótons, nas bordas, nos ácaros)
espera
Do alto das vigas
o anúncio do tremor que viria no próximo espirro
(não veio)
Ou a espada
sempre pendendo no fio de cabelo
sobre a cabeceira da mesa
quinta-feira, 28 de junho de 2012
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Anunciação
As nuvens parecem se projetar em 3D
Enquanto o barco corre veloz sobre as águas atlânticas
a separar um morro de uma cidade desfiladeiro
As nuvens parecem se projetar em 3D
– concretos icebergs de veludo manchado –
Acrescentando dimensões novas à realidade tão nível do mar
incessantemente questionada por ondas
a insinuar incertezas em espasmos de enjoo
Santos de plástico me seguem
Desconfiados, duvidando de minha fé
E eu, como se não sentisse o balanço óbvio e insistente das vagas
– provando-me da absoluta impossibilidade de todo o resto –
Senti pela primeira vez que o plástico se dissolvia em luz
Quando a menina me disse – choque de orquídea e Tirésias – :
“as nuvens parecem se projetar em 3D”
Olhei para cima e provei, grato
Que o espaço se dobrava para além de si
Só nuvens – concretos icebergs de veludo machado –
Preenchendo com delicada precisão o desfirmamento
vidro sobre vidro
Enquanto o barco corre veloz sobre as águas atlânticas
a separar um morro de uma cidade desfiladeiro
As nuvens parecem se projetar em 3D
– concretos icebergs de veludo manchado –
Acrescentando dimensões novas à realidade tão nível do mar
incessantemente questionada por ondas
a insinuar incertezas em espasmos de enjoo
Santos de plástico me seguem
Desconfiados, duvidando de minha fé
E eu, como se não sentisse o balanço óbvio e insistente das vagas
– provando-me da absoluta impossibilidade de todo o resto –
Senti pela primeira vez que o plástico se dissolvia em luz
Quando a menina me disse – choque de orquídea e Tirésias – :
“as nuvens parecem se projetar em 3D”
Olhei para cima e provei, grato
Que o espaço se dobrava para além de si
Só nuvens – concretos icebergs de veludo machado –
Preenchendo com delicada precisão o desfirmamento
vidro sobre vidro
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