As nuvens parecem se projetar em 3D
Enquanto o barco corre veloz sobre as águas atlânticas
a separar um morro de uma cidade desfiladeiro
As nuvens parecem se projetar em 3D
– concretos icebergs de veludo manchado –
Acrescentando dimensões novas à realidade tão nível do mar
incessantemente questionada por ondas
a insinuar incertezas em espasmos de enjoo
Santos de plástico me seguem
Desconfiados, duvidando de minha fé
E eu, como se não sentisse o balanço óbvio e insistente das vagas
– provando-me da absoluta impossibilidade de todo o resto –
Senti pela primeira vez que o plástico se dissolvia em luz
Quando a menina me disse – choque de orquídea e Tirésias – :
“as nuvens parecem se projetar em 3D”
Olhei para cima e provei, grato
Que o espaço se dobrava para além de si
Só nuvens – concretos icebergs de veludo machado –
Preenchendo com delicada precisão o desfirmamento
vidro sobre vidro
Surpreendente, cara. Gostei deveras das imagens e das reincidências. Apesar do tema ser "a priori" um tema poético convencional, as imagens são bem construídas, com um vocabulário pouco provocativo, mas muito bem manejado. Bom mesmo.
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ResponderExcluirIsso é incrível! Figuras lindas, e gosto do ritmo do poema que começa e termina deixando a sensação está comleto, que bastou. Ai ai, as vezes naturalizo que o poeta mora ao lado!
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