As paredes mudas
mudavam a possibilidade da casa
Tudo rijo
como as formigas que silenciassem
nas tocas
a chance da folha, ou da picada
Os rodapés que ansiassem
para além dos fios
pelo canto exposto
ou a rota exposta do rato
Ou os fungos, filamentos milenares
que lembrassem
o suco derramado, o carpete esquecido
a cachorra morta
Entre a lâmpada e o rejunte
a fina lâmina de mariposa
múmia do tempo
da poeira e dos fótons
Na área, a latinha de Coca
implorando escancarada
pela dança das abelhas
nas bordas
Nas teias, na sujeira nos livros
no estofamento de espuma
apenas os planos geométricos
da conspiração dos ácaros
E as folhas da cheflera enorme
em sustento estéril ao ninho
nunca acabado
dos sebinhos bicadores
Arquitetura sóbria
onde o rumor, não mais que indício
(no formigueiro do jardim
no brilho esquivo do rato
na pachorra do bolor ancestral
nos fótons, nas bordas, nos ácaros)
espera
Do alto das vigas
o anúncio do tremor que viria no próximo espirro
(não veio)
Ou a espada
sempre pendendo no fio de cabelo
sobre a cabeceira da mesa
João, esse pra mim, sem dúvidas, é o seu melhor poema. E olha que tem muita coisa boa! É, rapaz, a coisa tá ficando séria...
ResponderExcluirMuito bom. Eu consegui formar várias imagens na cabeça, o que é sempre muito difícil. rs
ResponderExcluirDá-lhe...