domingo, 7 de junho de 2009

eu-web

Me fazer digital.
Me procurar e me descobrir nas páginas da web.
Me construir nas páginas da web.
Entre fragmentos de poetas, músicos, amigos, entre imagens, quadros, fotos, seqüências, ausências.
Construir um eu-web.
Será eu?
Será um espelho?

(1º semestre de 2009)
PS: Os pronomes "me" ficam
exatamente onde eles estão.

Sobre os momentos vividos

Acontece uma coisa esquisita com os momentos que eu vivo.
Enquanto eles são vividos, eles são todos iguais. Os sentimentos em torno deles são bastante próximos. As emoções, as angústias, se não iguais, bastantes semelhantes.
Mas isso não faz da minha vida um grande déjà vu, porque, depois de algum tempo, esses momentos ganham contorno, textura e cheiro. Cada um com características físicas bem distintas dentro de mim, e apenas um perfume, um aperto no coração, um som, podem despertar a lembrança de um momento bem único.
E eles ficam assim, coisificados, sólidos na minha cabeça, cada um em uma parte diferente da estante, e sua lembrança é tão forte que pode cortar fundo.

(200[7?][8?])

Fantasia

A felicidade vem em gotas, com um sorriso, um gesto.
Sempre penso nos fatos, nos encontros, brincadeiras, amores. Sempre penso nos sorrisos, nas piadas, nas ações futuras prontas. Imagino-as como serão integralmente. Deliro ao imaginá-las.
Sempre penso num futuro que eu planejo. E aí vem o desespero: essas coisas nunca vão acontecer desse jeito!
Melhor seria se não pensasse nelas. Talvez assim elas pudessem acontecer da mesma forma que teria planejado um ausente futuro do pretérito.


(200[7?][8?])

Sobre as poesias perdidas

A palavra surge de um gesto, um momento.
O verso vem correndo à mente...
E não se pode dizer: está feito.
Nada está feito (ainda)

O que não se faz, se perde.
O verso largado é como o material refugado:
Lixo
Nunca vai ser mais do que o que poderia ter sido se...

E não adianta voltar.
Ele se foi mesmo. Pra sempre.
É um pedaço seu que não deixou registro nem foi trabalhado.
Quem sabe pra mostrar que a vida não precisa de registros.
Quem sabe pra entrar na eternidade da parte inexplorada de sua alma.
Quem sabe assassinato da preguiça (ou do stress rotineiro do século XXI)

(12/10/2007)