quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ê, Minas

Acordei hoje, nem tarde nem cedo, dei uma volta por aí, voltei cansado, comi... E, de repente, podia jurar que estava em Minas. A minha Minas, a Minas dos meus sonhos, devidamente idealizada, bela, simples e eternamente jovem. O som tocando no meu quarto, a minha leve sonolência, o clima abafado do início de tarde e o descompromisso de não ter o que fazer (tendo muita coisa pra fazer) me levavam para aquela cidade onde – faz quanto tempo mesmo? – fui batizado nessas coisas do mundo. Aquela cidade onde achei minha casa, onde bebia sem compromisso, sem culpa (e o dia inteiro) --- onde comia como um combatente faminto --- onde passei as tardes mais agradáveis da minha vida --- onde tudo parecia bom --- quando nada precisava acabar ---


(Olho aquela foto em preto e branco e me vejo em pé, em meio àqueles que me faziam feliz, e estou tão jovem!, tão distante!, tão diferente e tão com os mesmos medos que trago comigo até hoje... meu cabelo, ainda grande... minha barba, ainda rala... meus sonhos, ainda possíveis... Não é saudade, é um olhar metido-a-bestamente complacente, frente àquela infantil felicidade, mas cheio de alegria, ternura – e, vá lá, com uma pontinha de nostalgia também.)


Senti-me em Minas, de novo em Minas --- e essa nuvem narcótica que me envolveu é tão confortável --- que podia morar nela para sempre --- nessa minha Minas, que não volta, mas que não passa --- que me fez um homem entre os tantos que eu poderia ser ---


(E a foto continua me olhando, me mostrando de cima que eu já tive o mundo em minhas mãos. Hoje tenho menos. Mas esse clima abafado, esse sono... Acho que vou chorar.)

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