quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Meu sangue

Meu sangue é latino, contemporâneo e universal.
Meu sangue cansa, pensa e pulsa.
Meu sangue sangra por poros que descubro com espanto.
Meu sangue é errante, sozinho. É uma gota só.
De genética imemorialmente solitária.
Que sufoca gritos, que quer gritar.
Que pulsa e pensa.
Mas cansa.
Meu sangue jorra em rios que correm para além do Rio, para além de Havana, para além de Santiago, para além do que questiona, para além do que conforma, para além do que se desespera, para além da busca, da iluminação, da paz, para além da iconoclastia, para além da unidade, para além da pluralidade, para além de todas as eras, para além de todos os lugares.
Meu sangue circula em copos – e corpos.
Meu sangue ama o periférico (mesmo que, por vezes, o espie de uma sacada).
Meu sangue dispersa em tragos, ordinários e culpados.
Meu sangue é aristocrata, embora rompa a minha carne e seja o outro também.
Meu sangue tenta, tenta.
E circula mal entre os copos e corpos, e traga com culpa, e não sabe direito quem é ou por que é.
Meu sangue ainda não conseguiu.
Mas tenta, tenta.

Porque ainda não conseguiu descobrir o que é. Mas é latino, contemporâneo e universal.
E pulsa, e pensa. Mas cansa.
Porque ainda não conseguiu descobrir o que é.
Mas tenta, tenta.

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